Na tarde desta terça-feira (8), o deputado Mário Negromonte Júnior (PP-BA) debate com a Comissão da Agricultura da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) o projeto de lei que propõe alterar a fórmula do pão francês, chamado no estado de "cacetinho". A ideia é adicionar 10% de fécula de mandioca (amido produzido pela raiz) na receita do produto, substituindo parte da farinha de trigo usada tradicionalmente. Segundo o parlamentar, a iniciativa reduziria o preço e agregaria maior qualidade nutritiva ao produto. Não há previsão de quando o PL será votado no plenário da ALBA.
"Do trigo que nós consumimos, 80% vem de fora, o Brasil importa. Há dados que colocam sangria na economia de US$ 1 milhão. Nós produzimos muito pouco. A fécula é a forma da gente potencializar um produto nosso, a mandioca, e desenvolver sua cadeia produtiva", explica o deputado. Negromonte Júnior afirma que o projeto já foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 22 de novembro de 2011.
Negromonte Júnior acredita que, com uso da fécula, o produto ficaria mais saudável, porque ocorreria a redução do glútem, e garante que não há alteração no sabor do pão. "Não muda nada, fica até um pouco mais macio, aumenta a vida útil", relata. O deputado estima que um quilo de pão no estado é atualmente vendido no valor entre R$ 8 a R$ 12. Com a fécula, o preço, segundo o deputado, seria comercializado a R$ 4 o quilo.
Tarcízio de Jesus Mota, representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia (Sintrapan), diz que a fécula já é usada de modo misturado com o trigo em diversas padarias da capital baiana e que, mesmo assim, os empresários não diminuem o valor do produto para o consumidor.
"No nosso entendimento, seria bom para baixar o preço. Se eles [os empresários] repassassem, ótimo, mas eu não acredito não. A maioria dos empresários coloca já fécula na mistura em cerca de 20%. O resto é farinha de trigo", afirma. De acordo com ele, a unidade do pão custa de R$ 0,35 a R$ 0,60, a exceção dos bairros populares, cujos clientes adquirem por R$ 0,20.
O deputado Mário Negromonte Júnior relata que conhece o argumento dos padeiros. "Tivemos uma sessão especial quando os padeiros assumiram que usam fécula. Mas, se usam, não divulgam para a sociedade, não barateiam o preço?", questiona. (G1)
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