sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Câmara gastou R$ 4 milhões em 18 meses com salários de 5 funcionários

Num período de 18 meses, a Câmara dos Deputados gastou R$ 4 milhões apenas com os salários de cinco dos seus funcionários. Trata-se de um seleto grupo de cinco servidores que, há mais de 20 anos, ocupa os principais cargos de direção da Casa. Entre janeiro de 2010 e junho do ano passado, esses servidores, atuais e antigos diretores e secretários da Casa, além do presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo (Sindilegis), receberam, cada um, ao menos R$ 728 mil. É o que revela levantamento exclusivo feito pelo Congresso em Foco, com base em registros da própria Câmara. Em média, cada um dos integrantes desse seleto grupo recebeu R$ 44 mil brutos por mês no período, ou R$ 28 mil líquidos. Segundo a Constituição, nenhum funcionário público pode ganhar mais que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que recebem mensalmente R$ 26.723 brutos. Esse valor é o teto salarial do funcionalismo. 

Procurada, a assessoria de imprensa da Câmara disse que, feitas as retenções para adaptar os vencimentos aos tetos, o chamado “abate-teto”, os valores pagos a cada um foram “consideravelmente menores”. Mas o que mostram os documentos obtidos pelo Congresso em Foco é que tais valores, mesmo considerando o abate-teto,continuaram extrapolando o teto. Por exemplo: em maio do ano passado, o presidente do Sindilegis, o consultor Nilton Paixão, ganhou R$ 33.396 brutos. Feito o abate-teto de R$ 1.473, o salário dele ficou ainda mais de R$ 5 mil acima do valor do limite constitucional. O rendimento líquido do chefe da instituição, que é contrária à divulgação nominal dos salários dos servidores na internet, foi de R$ 21.752.
Mais de um milhão:
Entre os integrantes da cúpula, o líder do grupo é o ex-diretor-geral da Câmara Adelmar Sabino, que dirigiu a por 18 anos, até 2001. Nos 18 meses pesquisadosSabino recebeu R$ 1,03 milhão. Em resposta ao site, Sabino afirmou que os valores altos se devem a uma licença-prêmio que foi convertida em dinheiro. Segundo Sabino, ele só conseguiu receber os mais de R$ 250 mil com um recurso no Superior Tribunal de Justiça. “A Câmara pagou com má vontade. Acabou pagando juros e correção monetária”, contou. Mesmo descontando-se o “abate-teto”, Sabino ainda recebeu R$ 931 mil brutos no período, média de quase R$ 52 mil por mês. Nenhum contracheque dele foi inferior ao teto entre janeiro de 2010 e junho do ano passado. Ainda quando se ignoram as licenças e férias indenizadas do ex-diretor, os salários dele bateram na casa dos R$ 774 mil brutos. Sabino destacou que seus pagamentos foram todos legais. A reportagem não localizou no STJ a ação judicial informada pelo ex-diretor. Sabino foi substituído no cargo por Sérgio Sampaio, que ocupa o segundo lugar na classificação. No ano passado, Sampaio virou secretário-geral da Mesa. Ele ganhou R$ 746 mil brutos no período ou pouco mais de meio milhão líquidos. Mas Sampaio pode estar atrás de Mozart Vianna de Paiva, ex-secretário da Mesa. É que, embora tenha ganho R$ 728 mil da Câmara, uma parte como servidor aposentado, Mozart também ganhou R$ 80 mil como assessor do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Uma auditoria do TCU considerou que o Congresso deveria considerar salários recebidos das duas Casas na hora de computar megacontracheques, porque se trata do mesmo Poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Santo Amaro Diário não se responsabiliza pelos comentários de seus internautas, que podem ser feitos livremente, desde que respeitando-se as leis Brasileiras, as pessoas e assuntos abordados aqui.

Atenciosamente:
Equipe Santo Amaro Diário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...