quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Flamengo: nos bastidores, Adriano diz que, se começar a beber cedo, ‘vira um outro Adriano’

Adriano não esconde o gosto pela vida noturna
Adriano chega ao Ninho do Urubu, troca de roupa, faz o curativo no pé e, entre dores nas costas e no tornozelo direito, se derrama em suor na caixa de areia ou na sala de musculação. Este camisa 10 que luta contra o excesso de peso pode, num estalo, virar abóbora. Aqueles que convivem diariamente com o Imperador — quando não falta — têm a dimensão des suas faces: antes do primeiro gole (ou dos primeiros) e depois.
“Quando começo a beber cedo, dá meia-noite e eu viro outro Adriano. Vou para a favela mesmo”, admitiu, em tom de brincadeira, no vestiário, outro dia.
Todos que saem — ou já saíram — com Adriano sabem que é justamente este o período da transformação, quando a carruagem vira abóbora. Quando decide cruzar a cidade, saindo da Barra da Tijuca rumo a Vila Cruzeiro ou a outra comunidade onde se sinta à vontade.
“Oba, opa! Hoje é sexta-feira, hoje é sexta-feira. Quem me viu, me viu, quem não me viu, não vê mais!”, disse no vestiário do Ninho.

É fato. Quem viu, viu. O problema é o dia seguinte. Após cometer indisciplinas, o Imperador cai em tristeza profunda. Quem o visitou em 2010, quando brigou com a então namorada Joana Machado, viu um homem de 1,90m deitado na cama, sem forças para levantar.
— Problemas emocionais mexem diretamente com a forma com que a pessoa pensa e se relaciona. O cérebro atua de forma diferente — afirma o especialista em tratamento de dependentes químicos Jorge Jaber, que atuou nos casos de doping de Jobson, Dodô e Renato Silva.
Adriano precisa recuperar a forma física, após tantas faltas
Adriano precisa recuperar a forma física, após tantas faltas Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem

Anteontem, Adriano se reapresentou e sentiu dores nas costas. Nada de se exercitar no campo: recolhido, ficou na academia, recuperando parte do tempo perdido.
— Ele não reclamou nada de dores, de edema. Encontrei com ele antes de sair para fazer a caixa de areia com o Maldonado e ele parecia tranquilo — afirmou o fisiologista Claudio Pavanelli, que minimizou as dores do Imperador, assim como o médico José Luiz Runco.
Ao aceitar ajuda médica do Flamengo, a última cartada do clube, Adriano acende uma luz no fim do túnel. Antes, em outras oportunidades, ao ouvir a ideia, Adriano logo rejeitava. Um problema comum entre atletas de vários esportes.
— No futebol, há um certo preconceito com relação a problemas emocionais e problemas de saúde mental. Quando o jogador está com tuberculose, uma lesão muscular, entende-se que não pode jogar. Mas, quando o problema é de ordem emocional, acha-se que é algo de ordem moral. Não é: o descontrole demanda tratamento — argumenta Jaber.




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