O cantor baiano, Caetano Veloso, comentou em artigo publicado no jornal O Globo, deste domingo (31), sobre o descaso feito pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), o polêmico Marco Feliciano (PSC-SP), diante da contaminação por chumbo na cidade de Santo Amaro da Purificação, no estado da Bahia.
A audiência sobre contaminação de chumbo na cidade de Santo Amaro foi realizada após tumulto gerado com a detenção de um manifestante que chamou Feliciano de racista, no último dia 27. A sessão começou às 14h20 sob o barulho de apitos. Marco Feliciano tentou falar, mas foi interrompido por palavras de ordem como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”.
“Feliciano disse aos reclamantes que eles teriam sucesso em suas demandas se tivessem o apoio de ruidosos manifestantes, como os que desejam destituí-lo. Bem, ele não o disse nessas palavras, mas redigi como pude o que captei do sentido de sua fala”, descreve o artista em seu artigo.
Totalmente contrário a posição do evangélico na CDHM, Caetano revelou que aplaudiria se na gestão de Marco, alguma atenção fosse dada ao problema da sua terra natal. “Nossas respostas públicas ao andamento dos fatos políticos são quase inevitavelmente desproporcionais. Nesse caso, a minha não foi: dou muito maior importância à questão da violência ambiental que Santo Amaro sofreu e sofre do que ao disparate que é a escolha do presidente da Comissão. Se a Comissão fizer algo útil e justo a respeito, mesmo sob Feliciano, aplaudirei a Comissão. O que não quer dizer que aplaudo a escolha do seu presidente”, descreve.
O caso
De 1960 a 1993, a empresa, à época chamada Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac), subsidiária da empresa francesa Penarroya Oxide, foi instalada na cidade para beneficiar o minério e produzir lingotes de chumbo. A subsidiária foi depois incorporada ao Grupo Trevo e a Penarroya Oxide e passou a fazer parte do Grupo Metaleurop.
Foram 500 mil toneladas de escórias com chumbo deixadas pela Cobrac, que encerrou suas atividades no local em 1993, depois de operar por mais de 30 anos em Santo Amaro. O material contaminou o solo, a água e causou doenças graves nos ex-trabalhadores da mineradora e na população do entorno da fábrica.
Os procuradores do Ministério Público Federal na Bahia argumentam que os rejeitos do material (o que sobra após o processamento), com alta concentração de chumbo, foram armazenados sem as devidas medidas de segurança e também despejados irregularmente no rio Subaé.
Ainda de acordo com o MPF-BA, 20 anos depois da desativação da empresa, a população do município ainda convive com o risco de contaminação. Isso porque existe um depósito de escória (o rejeito sólido) no antigo pátio da fábrica, com pelo menos 300 mil toneladas de material contaminado. fonte:Bocao news
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